sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Os ‘robôs’ com armadilhas explosivas de Israel que aterrorizam moradores de Gaza

“Veículos militares antigos são transformados em bombas móveis, colocados em bairros residenciais e detonados remotamente para demolir prédios inteiros, destruindo pessoas ao redor em segundos.”

Foi assim que Alam al-Ghoul, que vive na Cidade de Gaza, descreveu o que moradores daquela região chamam de “robôs com armadilhas explosivas”.

Moradores afirmam que é a primeira vez que veem esse tipo de arma nos anos de guerra que enfrentam, que os ataques com esses robôs estão se tornando mais frequentes e que seu impacto é mais devastador do que o de ataques aéreos.

“Esses robôs podem ser tanques antigos ou veículos blindados de transporte pessoal que não servem mais para esse propósito. Eles os pegam, enchem de explosivos e lançam nas ruas, controlando-os remotamente”, explicou Ghoul à BBC.

Ghoul, que ocasionalmente se voluntaria para ajudar a recuperar os corpos de vítimas da guerra em Gaza, disse que “minutos depois de se posicionarem na área que tem como alvo, ocorre uma enorme explosão. O céu fica vermelho em segundos”.

“Se houver pessoas nas proximidades da explosão, nenhum vestígio delas será encontrado. Até mesmo seus restos mortais estão espalhados, e não conseguimos encontrá-los intactos”, explica.

Os edifícios são completamente destruídos ou esvaziados, dependendo da proximidade com a explosão, deixando a área livre para as forças israelenses “como se fosse uma operação de varredura”, acrescentou Ghoul.

Ele testemunhou os efeitos da destruição e disse à BBC que “famílias inteiras foram dizimadas”.

“As famílias estavam em suas casas quando o ‘robô’ explodiu, e suas casas desabaram sobre elas. Algumas ainda estão sob os escombros em bairros como Al-Zaytoun, Seikh Radwan e Jabalia”, afirmou.

O Gabinete de Imprensa do governo de Gaza, administrado pelo Hamas, declarou que os militares israelenses estão conduzindo uma operação militar na Cidade de Gaza desde 13 de agosto, matando mais de 1.200 pessoas e ferindo mais de 6.000, de acordo com estatísticas divulgadas pelas autoridades de saúde e oficiais da Faixa de Gaza.

Nessa declaração, o Hamas diz que as operações militares incluem bombardeios aéreos intensivos com mais de 70 ataques aéreos diretos por aviões de guerra, além da detonação de mais de 100 robôs explosivos em áreas povoadas, causando deslocamento forçado generalizado.

O Exército israelense está realizando um ataque intenso à Cidade de Gaza, com a mídia israelense relatando explosões tão poderosas que podem ser sentidas em Tel Aviv, a cerca de 70 km de distância.

O serviço árabe da BBC contatou o tenente-coronel Avichay Adraee, porta-voz militar das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês), para comentar as alegações de que os militares usaram essas armas contra civis.

“Não discutimos métodos operacionais, mas posso dizer que usamos vários meios — alguns altamente inovadores e usados pela primeira vez — para atingir nossos objetivos, eliminando terroristas do Hamas e protegendo soldados e civis israelenses”, disse Adraee à BBC.

Explosão devastadora

Nidal Fawzi, outro morador da Cidade de Gaza, questionou se Gaza havia se tornado um campo de testes para armas israelenses, observando que os robôs “semeiam o terror, especialmente entre mulheres e crianças, e forçam as pessoas a fugir”.

Ele disse à BBC que viu essas armas em ação durante uma operação militar.

“Era meia-noite. Vi um enorme ‘robô’ retangular sendo puxado por um veículo militar. Eles o deixaram perto de um muro e foram embora no veículo. Gritei para minha família sair imediatamente. Minutos depois de fugirmos, houve uma explosão como eu nunca tinha visto antes.”

Fawzi descreveu a explosão como devastadora:

“Em Al-Zaytoun, vi corpos reduzidos a pequenos fragmentos. Mesmo a 100 metros de distância, pessoas morreram devido à pressão da explosão e à asfixia. Esta é a arma mais aterrorizante que já vimos nesta guerra.”

Os moradores que fugiram antes da explosão “estavam apenas pensando em sair”, tentando escapar do “monstro de ferro explosivo”, lembra Fawzi.

Reduzir o custo do confronto militar

O professor Hani al-Basous, especialista em segurança da Academia Joaan Bin Jasim de Estudos de Defesa, no Catar (Joaan Bin Jassim Academy for Defense Studies, em inglês), que trabalhou anteriormente na Faixa de Gaza, disse à BBC que os militares israelenses usam esses veículos explosivos controlados remotamente para destruir áreas residenciais, túneis e grandes edifícios sem intervenção direta.

Segundo ele, o objetivo é “reduzir o custo do engajamento militar e evitar baixas israelenses”.

Al-Basous observou que os veículos carregam grandes quantidades de explosivos e têm sido empregados em túneis e blocos residenciais, provocando explosões enormes.

Karem al-Gharabli, outro morador de Gaza, disse à BBC que presenciou a arma em ação em abril de 2025, durante um ataque israelense a um prédio residencial de vários andares no leste da Cidade de Gaza.

“Eu estava a cerca de 400 metros da explosão, mas todos os estilhaços e pedras atingiram nossa casa”, relatou Gharabli.  “O céu ficou vermelho e a luz era ofuscante. Foi assustador”, acrescentou.

O diretor-geral do Ministério da Saúde Palestino, Munir al-Bursh, afirmou que os militares israelenses dependem diariamente de “robôs” explosivos na Cidade de Gaza. Segundo ele, trata-se de “uma tática que representa uma ameaça direta aos civis e piora a catástrofe humanitária”.

Al-Bursh disse que cada um deles carrega até sete toneladas de explosivos e que há entre sete e dez detonações diárias, forçando deslocamentos em massa e aumentando a densidade populacional no oeste de Gaza para até 60.000 pessoas por quilômetro quadrado (a cidade de São Paulo, por exemplo, tem uma densidade demográfica de cerca de 7.500 habitantes por quilômetro quadrado).

Ele alerta que o uso contínuo desses robôs pode causar “massacres e à destruição total da infraestrutura residencial”, especialmente devido à escassez de recursos de resgate e socorro durante o confinamento.

*Devido as condições atuais em Gaza, não foi possível encontrar imagens dos veículos mencionados neste artigo, nem das consequências imediatas de uma explosão. As fotos neste artigo foram tiradas após um dos mais recentes ataques israelenses à Cidade de Gaza.

Fonte: Portal Terra

Nos bastidores, Tarcísio diz que está fora da disputa presidencial

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tem dito em conversas reservadas que não pretende disputar a Presidência da República em 2026.

Segundo interlocutores, ele demonstra forte convicção de que ficará fora da corrida presidencial diante de um cenário de fragmentação da direita.

A avaliação de Tarcísio é que a atuação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) na articulação das sanções aplicadas pelos Estados Unidos ao Brasil contribuiu para dividir ainda mais o campo conservador.

Ele tem atribuído a essa movimentação a recuperação da aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que até junho enfrentava desgaste e queda de popularidade.

Estratégia focada em São Paulo

Toda a estratégia política de Tarcísio está concentrada em tentar a reeleição ao governo de São Paulo em 2026. Além da fragmentação da direita, ele tem levantado novos fatores que pesam em sua decisão, como o risco de depender do apoio da família Bolsonaro para viabilizar uma candidatura nacional.

Caso entrasse na disputa presidencial, o governador teria de deixar o cargo até abril de 2026, por exigência da legislação eleitoral. O cenário de incerteza sobre uma unidade da direita e a possibilidade de perder respaldo dos Bolsonaros pesaram para que Tarcísio manifestasse desânimo a aliados.
Segundo pessoas próximas, ele também tem ponderado a necessidade de dar segurança à própria família e evitar expô-la a um futuro político indefinido.

Conflito com Eduardo Bolsonaro

No auge do tarifaço, em julho, Tarcísio chegou a participar de uma reunião virtual com Eduardo Bolsonaro e o youtuber Paulo Figueiredo — aliado do deputado.

Na ocasião, alertou que as tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil trariam consequências negativas para a direita, fortaleceriam Lula e, ao final, obrigariam Donald Trump a adotar uma solução pragmática diante da pressão do setor produtivo americano. Esse cenário acabou se confirmando.

Ainda assim, Eduardo Bolsonaro manteve ataques ao governador paulista e segue dizendo que será candidato ao Planalto em 2026, mesmo diante da possibilidade de ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Partido e sucessão na direita

Tarcísio também tem reiterado a aliados que não pretende deixar o Republicanos para se filiar ao PL, como chegou a sugerir o presidente da sigla, Valdemar Costa Neto. Ele tem reafirmado lealdade ao ex-presidente Jair Bolsonaro e deve visitá-lo em prisão domiciliar na segunda-feira (29), mas interlocutores ressaltam que o encontro não tratará de eleições.

Com a saída de Tarcísio do radar presidencial, cresce nos bastidores a força do governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD), que vinha sendo tratado como plano B da direita.

Nas últimas semanas, o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, tem aproximado Ratinho Jr. de setores estratégicos no país, inclusive, junto ao empresariado, ao mercado financeiro e atores influentes da política.
Ampliando sua visibilidade como provável candidato ao Planalto no ano que vem.

Fonte: Portal G1

Paracetamol na gravidez causa autismo em crianças?

O uso de paracetamol na gravidez se tornou tema de debates por uma suposta associação com o transtorno do espectro autista (TEA) — que afeta cerca de uma em cada cem crianças no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Entretanto, até o momento, não há evidências científicas sobre isso. Os estudos mostram que o autismo resulta de uma complexa interação entre genes e fatores ambientais, e não de um único fator.

Segundo o neuropediatra Antonio Carlos de Farias, do Hospital Pequeno Príncipe — que é o maior e mais completo pediátrico do país — esse tipo de abordagem costuma apresentar soluções simples para questões complexas. “Sugere-se que um único fator possa ser responsável pelo autismo ou que exista um tratamento milagroso capaz de resolvê-lo. Isso desvia a atenção do que realmente é eficaz: terapias, educação, inclusão e acolhimento”, salienta.

Amplamente utilizado no Brasil, o paracetamol é registrado e aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O medicamento possui segurança e eficácia comprovadas quando usado de forma adequada e com orientação médica ou farmacêutica. Por isso, o mais importante é que gestantes sempre usem medicamentos sob orientação médica.

O que a ciência já descobriu sobre paracetamol e autismo?

O neuropediatra explica que estudos observacionais iniciais sugeriram que crianças expostas ao medicamento no útero poderiam ter até 1,25 vez mais risco de desenvolver autismo.

No entanto, esses resultados foram influenciados por fatores de confusão, já que o paracetamol geralmente é usado para tratar febre e infecções. Ou seja, são condições que também podem impactar o desenvolvimento neurológico.

Um estudo realizado na Suécia com 2,5 milhões de crianças não encontrou associação significativa entre o uso de paracetamol na gravidez e o risco de autismo, após ajuste para fatores ambientais e familiares.

Além dos fatores de confusão, existe o viés de recordação, em que a informação sobre exposições passadas é coletada por meio de relatos dos participantes, que podem não recordar com precisão eventos passados.

“Por exemplo, indivíduos que desenvolveram uma enfermidade podem ter uma tendência maior a exagerar ou minimizar suas exposições anteriores em comparação a indivíduos saudáveis, o que pode afetar a validade das estimativas de associação entre exposição e desfecho“, esclarece o neuropediatra.

Os diagnósticos de autismo aumentaram?

O aumento da prevalência de transtorno do espectro autista (TEA) não significa que mais crianças estão necessariamente desenvolvendo o transtorno. Segundo o especialista, uma compreensão mais profunda dos sintomas e alterações nos critérios de diagnóstico possibilitaram a identificação de casos mais leves.

“Além disso, houve um aumento na conscientização entre profissionais de saúde, instituições e a sociedade em geral. Isso resultou em uma maior busca por serviços de saúde mental e diagnósticos mais precisos e precoces”, complementa.

 O que realmente está por trás do autismo?

Pesquisas apontam que o TEA envolve uma combinação de fatores genéticos e ambientais. De acordo com o especialista, aproximadamente mil genes têm sido relacionados ao transtorno, mas a sua influência não ocorre de maneira isolada. Ou seja, é a interação entre esses genes que pode aumentar a suscetibilidade de um indivíduo.

“Ademais, aspectos ambientais, como a idade avançada dos pais, o uso de determinados medicamentos durante a gravidez (como o ácido valproico) e o estresse vivido durante a gestação, podem ter papel significativo no aumento da incidência de casos”, finaliza.

Fonte: Assessoria

Pré-COP30 Bioma Pantanal acontece em Campo Grande no dia 30

Campo Grande vai receber no dia 30 de setembro um dos encontros estratégicos rumo à COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), que acontece em novembro em Belém (PA).

A capital sul-mato-grossense vai sediar o Pré-COP30 Oficial Bioma Pantanal, que terá como tema “Clima e Biodiversidade: o papel dos estados e municípios na COP30”.

O evento acontecerá no auditório da Faculdade Insted e reunirá governadores, representantes do Governo Federal, organismos internacionais e pesquisadores para discutir como o Pantanal pode se tornar referência mundial em políticas de mitigação, adaptação e financiamento climático.

“O Pantanal estará no centro das negociações climáticas globais, e Mato Grosso do Sul tem a responsabilidade de liderar esse debate. Queremos mostrar ao mundo a relevância do nosso bioma e consolidar a voz dos estados e municípios pantaneiros na Agenda de Ação da COP30”, afirmou o secretário Jaime Verruck, da Semadesc.

Manhã de debates estratégicos

A programação do Pré-COP30 Bioma Pantanal começa às 7h30, com recepção e credenciamento dos participantes. A abertura oficial, às 8h30, contará com a presença dos governadores Eduardo Riedel, Mauro Mendes (MT) e Renato Casagrande (ES), que também preside o Consórcio Brasil Verde, além do embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30.

Também participam o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, representantes da ONU, da Assembleia Legislativa de MS, da bancada federal e de prefeituras pantaneiras.

Logo em seguida, às 9h30, o painel “Mutirão Territorial: protagonismo subnacional na Agenda de Ação e na diplomacia climática e perspectivas pós-COP30” terá como destaque os governadores e o embaixador André Corrêa do Lago, com moderação do ambientalista Fábio Feldman, do Centro Brasil no Clima.

Às 10h30, acontece a Palestra Magna, conduzida por três dos maiores especialistas em mudanças climáticas do país: o físico Paulo Artaxo, a ex-vice-presidente do IPCC Thelma Krug e a bióloga Mercedes Bustamante. A mediação será de Renato Roscoe, do Instituto Taquari Vivo.

Antes do almoço, às 11h10, o governador Eduardo Riedel e o governador Renato Casagrande apresentam a Síntese Política da Manhã, consolidando os principais pontos discutidos e os compromissos assumidos pelos estados, sob moderação de Guilherme Syrkis, também do Centro Brasil no Clima.

O período da manhã encerra-se com o almoço de confraternização (11h30 às 14h), espaço para diálogo entre autoridades, governadores e a Presidência da COP30.

Painéis técnicos e políticos à tarde

A partir das 14h, a discussão ganha caráter mais técnico com o painel “Mudanças Climáticas e Biodiversidade”. Participam a especialista da ONU Bianca Brasil, a secretária nacional de Biodiversidade, Florestas e Direitos Animais do MMA, Rita de Cássia Guimarães, e o pesquisador Walfrido Moraes Tomas, da Embrapa Pantanal. A mediação será feita por Fábio Roque, da UFMS.

Na sequência, às 15h, o painel “Adaptação e Governança Multinível dos Estados Pantaneiros – Estratégias estaduais de adaptação” reúne a secretária de Meio Ambiente de Mato Grosso, Maurenn Lazzaretti, o pesquisador Thiago Copolla (Embrapa Pantanal), o empresário Roberto Klabin (turismo no Pantanal) e João Paulo Franco, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O keynote será apresentado pelo secretário-adjunto da Semadesc, Artur Falcette.

Às 16h, será discutido o tema “Da política ao chão: caminhos para financiar a transição justa no Pantanal”, em painel sobre Financiamento Climático e Meios de Implementação. Estão confirmados: Tereza Campello (BNDES), Teresa Bracher (SOS Pantanal), Annete Kilmer (BID) e José Pugas (Régia Capital). A mediação será de Maria Netto, do Instituto Clima e Sociedade (iCS).

No encerramento, previsto para as 17h, serão apresentados os resultados e encaminhamentos consolidados no documento “Carta do Pantanal”, que será entregue à Presidência da COP30 como contribuição dos estados e municípios pantaneiros para a conferência global.

Fonte: Portal do MS