sexta-feira, 7 de novembro de 2025

Capelinha de Pedra, por Paulo Portuga

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CAPELINHA DE PEDRA

Destruíram a Capelinha; Sepultaram a sua história; Que era pouco conhecida; Mas, importante memória.

Erguida com tijolos; Da reforma da Catedral; Virou ponto turístico; Em meio ao milharal.

“Achada” por ciclistas; Virou notícia de jornal; Sua beleza e encanto; Caiu na rede social.

A Capelinha de Pedra; Então ficou conhecida; Ali tinha muita energia; Quem chegava logo já sentia.

Preces e pedidos foram feitos; Agradecimentos também; Com fé e esperança; Acreditando em forças do além.

A construção homenageava; Uma família pioneira; Que veio em carro-de-boi; Enfrentando lama e poeira.

Do Rio Grande do sul vieram; Para o antigo Mato Grosso; A família Mattos e muitas outras; Em busca de paz e progresso.

Dessa vida passageira; Gerações inteiras; Enterraram seus ossos; Em rasas terras vermelhas.

Ao lado da Capela; De estilo espanhol; Suas covas contavam histórias; Seus mortos, lutas e glórias.

Agora está ao chão; Não tem mais capela; Só ficou na memória; Não tem mais perdão.

Podia ter sido o vento; Talvez uma assombração; Vandalismo ou quem sabe; Medo de desapropriação.

Virou poeira no tempo; O real se tornou lenda; Pelo bem ou pelo mal; De um tempo irracional.

Quero nestes versos; Fazer uma reflexão; Um apelo à sociedade; Para a sua reconstrução.

Pois um povo que não preserva;Seu patrimônio e sua história; É um povo triste; Sem cultura e sem memória.

PAULO PORTUGA
Poeta, escritor, compositor e músico de Dourados (MS)
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