A onça-pintada que recebeu o nome de Miranda, resgatada no dia 15 de agosto na região do município de mesmo nome, no Pantanal sul-mato-grossense, foi solta ontem (27), após 43 dias de tratamento e recuperação no CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), em Campo Grande.
O felino passou pela última bateria de exames e curativos no Hospital Veterinário Ayty, e em seguida retornou ao seu habitat natural. Ela foi solta em uma operação complexa que envolveu médicos veterinários e biólogos do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) e CRAS, além da equipe do Gretap (Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal), Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente), PMA (Polícia Militar Ambiental), e outros profissionais parceiros.
Miranda agora está livre em uma área de refúgio ecológico no município que deu nome ao animal, a 236 km de Campo Grande. Com mais de 53 mil hectares de extensão, o local oferece as condições ideais para que a onça-pintada se readapte ao ambiente após 43 dias de tratamento intensivo.
“A soltura da onça Miranda cela um trabalho que começou em 2020, quando o Gretap foi instituído, e homologado em 2021. Mostra o sucesso da conexão entre as instituições. A gente vem aprimorando metodologias de busca e salvamento de animais silvestres e de reabilitação, e também de técnicas de reintrodução e monitoramento desses animais. É uma grande alegria ver esse animal reintroduzido e a importância dos diferentes profissionais e instituições que constituem o grupo. A soltura da Miranda, de volta na região de captura dela, prova que estamos no caminho certo”, afirmou a bióloga e veterinária, Paula Helena Santa Rita, representante da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco) no Gretap.
SOLTURA
A operação de transporte envolveu uma série de procedimentos técnicos e logísticos, todos realizados com extremo cuidado e coordenação. A equipe preparou uma caixa reforçada, especialmente projetada para o transporte seguro de grandes felinos. Miranda, foi sedada antes da viagem para garantir que a viagem ocorresse sem riscos.
A veterinária Jordana Toqueto, especialista em grandes mamíferos e responsável pelo acompanhamento de Miranda desde o resgate, preparou a dosagem de sedativo cuidadosamente, observando todos os parâmetros de segurança necessários.
Enquanto isso, a equipe técnica do Imasul estava atenta a cada detalhe da preparação dos equipamentos e do veículo que faria o transporte até o Refúgio Ecológico Caiman, localizado na região pantaneira. A logística incluiu a adaptação do veículo para acomodar a jaula, garantindo que a viagem fosse tranquila para o animal. Toda a ação teve o apoio do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), PMA (Polícia Militar Ambiental) e da ong Onçafari.
Antes de sua libertação, Miranda foi equipada com um colar de rastreamento especial, o que permitirá monitorar sua adaptação ao novo ambiente e garantir sua segurança. O processo de análise da área de soltura foi minucioso, assegurando que o local oferecesse as melhores condições para sua readaptação.
A gestora do CRAS, Aline Duarte, esteve em contato contínuo com a equipe do refúgio, acompanhando de perto a recuperação da vegetação da área, que foi atingida por incêndios florestais no início de agosto, antes de permitir o retorno do animal. “Ver Miranda de volta ao Pantanal é uma vitória para todos nós que nos dedicamos à preservação da natureza”, disse Aline Duarte.
“A soltura de Miranda representa o fim de um ciclo de tratamento, e também o esforço contínuo de todos os envolvidos na proteção da biodiversidade do Pantanal”, disse o diretor-presidente do Imasul, André Borges.
“O nosso objetivo agora é monitorá-la de perto nos próximos dias e semanas, com foco no comportamento dela. Vamos utilizar o colar VHF e os dados de GPS para acompanhar a movimentação dela com precisão. Além disso, faremos visitas presenciais no campo para avaliá-la diretamente no ambiente natural”, disse Ricardo Arraes, veterinário do Onçafari.
“Nós não tínhamos a menor estrutura para abrigar a Miranda, e também não tínhamos o conhecimento adequado para tratar queimaduras, acesso ao ozônio, laser. Então, essa parceria foi essencial para o progresso dela, que foi encontrada em péssimas condições, magra, com as patas queimadas e com proliferação de larvas. O Imasul chegou com todo o suporte e pacientemente cuidaram da Miranda, até que ela estivesse pronta para ser devolvida à natureza”, disse Lílian Elane Rampin, bióloga e coordenadora do Onçafari.
O resgate do animal, além do seu tratamento e soltura na natureza, foi parte da Operação Pantanal 2024, que, além de combater os incêndios florestais, busca proteger e resgatar animais em perigo. A operação continua em andamento, visando assegurar o equilíbrio ecológico no Pantanal.
Fonte: Portal do MS