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Rodrigo José tem chamado a atenção pelo gosto musical inusitado.
Aos 44 anos, o cantor se inspira em ídolos do passado que ficaram rotulados como bregas.
Na discoteca que ele herdou dos pais, estão Odair José, Ovelha e Almir Rogério. Do outro lado, Rodrigo também captou as raizes da música negra americana e, principalmente, do mestre Elvis Presley. Segundo ele, a influência gringa veio por parte da colonização de onde ele cresceu, em Americana, no interior de São Paulo.
— Com 12 anos de idade, eu descobri a coleção de discos da minha mãe em um quartinho. Me liguei naquilo… Ouvi e gostei, sem o menor preconceito.
Com o tempo, ele juntou as duas influências em um mesmo caldeirão sonoro. A mistura deu tão certo que acabou rendendo o apelido carinhoso de Chic 10.
Porém, ele repudia outros rótulo preconceituosos.
— Ser romântico não é brega.
E não é só a música que é parte da vida do artista, Rodrigo faz questão de usar no dia a dia o visual extravagante, com camisas totalmente estampadas e topetão. Nas ruas, claro, ele chama a atenção.
— As pessoas me param muito para tirar fotos. Eu só não chamo muita atenção quando a esposa pede para eu sair um pouco mais a paisana. (risos)
Na independência, o cantor lançou dois discos, fez clipes divertidos que renderam milhares de visualizações e acabou de registrar um DVD ao vivo. O sucesso underground chamou a atenção do experiente empresário Manoel Poladian.
No dia 30 de setembro (sábado), Rodrigo vai lançar seu primeiro DVD, em São Paulo, com uma superprodução de artista famoso. Para saber mais, o R7 conversou com o inventor do Chic 10.
R7 — Como você descobriu a chamada música brega?
Rodrigo José — É uma coisa de famíla. Com 12 anos de idade, eu descobri a coleção de discos da minha mãe em um quartinho. Me liguei naquilo… ouvi e gostei, sem o menor preconceito. E não tinha ninguém para falar que aquilo não era legal ou que era brega. Sorria Sorria, do Evaldo Braga, foi a primeira música que eu curti. Lembro que a roupa dele também me chamou a atenção.
R7 — Então, você curte mesmo, não é apenas sátira?
Rodrigo José — Sou fã de verdade desses caras! Eu não faço sátira nenhuma, eu gosto de verdade.
R7 — Mas muita gente acha que isso é algum tipo de brincadeira…
Rodrigo José — É que meus clipes são divertidos, retratam pessoas puras, são amigos da vizinhança. E a maioria das pessoas julgam essas composições como sendo muito exageradas… É que as dores do amor são tão viscerais e as histórias são tão surreais que as pessoas não levam isso a sério. No entanto, esses são os verdadeiros cronistas brasileiros. São temas como o cara que se apaixonou pela prostituta e outros personagens com tragédias amorosas que acontecem de verdade.
R7 — O que você acha do termo brega?
Rodrigo José — É um gênero que nasceu com preconceito. São músicas melodramáticas e que faziam muito sucesso entre o povão. Quando surgiu a bossa nova, intelectuais foram conquistados por uma qualidade mais apurada. A ideia de fazer o gênero ser a música de exportação deixou o popular mais de lado. A partir dos anos 80, eles foram chamados de bregas e esses artistas mais populares e românticos foram jogados para “debaixo do tapete”. Muitos deles até passaram fome depois disso.
R7 — E você já sofreu algum boicote por isso?
Rodrigo José — Eu mesmo já sofri preconceito por gostar desse tipo de música. Cheguei a ser vaiado durante um festival de MPB na minha cidade, pois eles julgaram que eu não deveria estar ali com esse tipo de composição.
R7 — Os seus ídolos curtem seu trabalho?
Rodrigo José — Sim! Conheço o Almir Rogério e o Odair José… e até o Ovelha já gravou um clipe comigo. Eles sabem que isso é uma forma de homenagea-los e mostrar como eles são importantes para a cultura do País.
R7 — Parece que você começou a compor em um momento ruim da sua vida.
Rodrigo José — Eu fui traído e comecei a fazer músicas próprias. Isso aconteceu por volta de 1997, quando eu resolvi desabafar por meio da música. Também já deixei a profissão por um tempo, passei alguns perrengues… Foi uma fase difícil de muitos questionamentos. Fiquei depressivo após a morte do meu pai. Resumindo, eu me “curei” seguindo o coração em busca da música.
Rodrigo José
R7 — E como surgiu a ideia de regravar os clássicos “bregas” com seu estilo próprio?
Rodrigo José — Como os artistas originais da época não tinham tanta estrutura em estúdio, eu tive a ideia de regravar os clássicos com outros arranjos e uma produção mais cuidadosa.
R7 — Você conseguiu fazer um trabalho de forma independente e, mesmo assim, ganhou milhares de fãs pela internet.
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Rodrigo José — Sempre fiz minhas produções com “restrição orçamentária”. (risos) Eu gravei o disco em casa, mixei, além de dirigir e criar os roteiros dos clipes.
Recentemente, gravamos um DVD ao vivo em São João da Boa Vista. Foi muito trabalhoso, pois eu ajudei até a fazer o cenário (risos)… Tudo na raça! Meus fãs são o sentido para minha vida, por isso eu faço sucesso. Eu nunca vivi por dinheiro e esse não é o meu objetivo. Eu vivo para fazer coisas boas.
Rodrigo José em São Paulo
Quando: Dia 30 (sábado), às 21h
Onde: Teatro Bradesco – Rua Palestra Itália, 500 – Perdizes
Quanto: De R$ 65 a R$ 95
Contato: http://www.rodrigojose.art.br/