Adriana Justi, Luciana Grande e Weliton Martins,
G1 PR e RPC, Curitiba
Fazer um passeio de barco é um suplício pra mim. Eu sempre acho que o barco vai virar e que eu vou morrer afogada”, desabafa a aposentada Ana Franscisca Fonseca Taeucs, de 80 anos, que tenta vencer o medo de nadar.
A aquafobia, como é conhecido esse medo de água, é um transtorno psicológico caracterizado pelo medo excessivo ou irracional que, na maioria das vezes, está relacionado com alguma situação traumática, explica a professora de natação Ingeborg Dummer Carlindo. Veja no final da reportagem locais que oferecem atendimento diferenciado para quem tem medo de nadar.
Ingeborg afirma que superar essa barreira não é nada fácil, mas é possível a qualquer pessoa, basta ter paciência e força de vontade.
Foi o que aposentada Ana Francisca fez. Ela nunca soube nadar e diz ter perdido muitas oportunidades de se divertir na vida por causa dessa fobia. Atualmente, por indicação médica, ela faz hidroginástica, mas por conta do medo não consegue se soltar totalmente na piscina.
Ao encarar uma aula de natação pela primeira vez, ela percebeu que a vontade de aprender era bem maior que a fobia.
O trabalho de adaptação é gradativo, detalha Inge. “Algumas pessoas caminham segurando na borda da piscina porque têm medo de escorregar. Então, gradativamente nós vamos aumentando os objetivos como, por exemplo, fazer com que a pessoa comece colocando a boca na água para depois colocar o rosto todo e ter um domínio maior da respiração”, detalha a professora.
Os próximos passos depois dessa primeira ambientação com a piscina são tentar esticar o corpo na água e aprender os movimentos aos poucos. “Tudo isso é um processo lento, não é de uma hora para a outra que dá certo. Cada pessoa tem o seu tempo. O importante é ter vontade”, explica a professora. “Às vezes, tem aluno que tem muito medo. Nesse caso é necessário que o professor esteja junto na água para ajudar e trazer mais segurança. Até porque, se nesse começo tem alguma coisinha que sai errado, a pessoa fica traumatizada e não volta mais”, destaca Ingeborg.
Trauma
Uma tentativa frustrada de nadar em uma piscina rasa foi o que traumatizou Maria Aparecida Bacarin Montalle, de 67 anos, que é funcionária pública aposentada. “Isso faz muitos anos. Eu fiquei com medo de tudo e nunca mais entrei na água. Me deu aquele pavor”, explica. “Depois que eu me aposentei, decidi resolver esse problema. Eu não precisava tirar um diploma ou me tornar uma atleta, eu só queria superar esse desafio. E eu acho que eu consegui”, comemora Maria.
Além de vencer a fobia, a aposentada ainda comemorou o fato as aulas de natação ajudarem na saúde. “Depois que a gente se aposenta, temos que buscar algo para não ficar parada no tempo”, diz.
Tratamento psicológico
Em alguns casos de aquafobia, é necessário um tratamento ou uma ajuda psicológica antes de começar a parte prática na piscina.
Segundo Corassa, é preciso entender o que a traumatizou ou descobrir se existe outra questão e tentar amenizar isso antes da parte prática na piscina.
O tratamento no consultório possui etapas definidas, segundo a especilista. “Primeiro precisamos trabalhar a questão do autocontrole e confiança. Depois, utilizamos técnicas de exercícios de respiração. E um co-terapeuta também entra em ação durante este tratamento. Ele acompanha o paciente até a piscina até ela se ambientar e começar a parte prática dentro da água”, detalha Neuza.