Notícias ao Minuto
O corpo foi velado ao longo da tarde na quadra do Império Serrano, escola do coração da sambista, em Madureira, na zona norte do Rio. O local esteve cheio durante toda a cerimônia.Integrantes da escola fizeram uma roda de samba ao lado do caixão.
Em coro, a quadra cantou sucessos da artista, como “Sonho Meu” (“Sonho meu, sonho meu / Vai buscar quem mora longe, sonho meu”), “Acreditar” (“Acreditar, eu não / Recomeçar, jamais / A vida foi em frente / você simplesmente não viu que ficou / Pra trás”) e “Alguém Me Avisou” (“Alguém me avisou pra pisar nesse chão devagarinho”).A música estava no sangue da carioca, filha de Emerentina da Silva, que cantava em ranchos nos quais o marido, João Lara, tocava violão de sete cordas.Alcione foi ao local prestar homenagem.
“Vim agradecer a Dona Ivone por ter existido”, disse ela. A cantora comentou também o pioneirismo de Ivone Lara como mulher compositora: “Ela já nasceu empoderada”. “Estou aqui como amigo e admirador. Eu às vezes ia na casa dela cantar um pouco. É uma pessoa que sempre foi uma ídola minha”, disse o ex-prefeito do Rio Eduardo Paes (DEM).
Sobre o caixão foram estendidas bandeiras do Império Serrano e do clube de futebol América, pelo qual Dona Ivone torcia.O clima de celebração de sua vida e suas canções continuou no enterro, no qual parentes e amigos cantaram em coro seus sucessos.
O corpo da sambista foi sepultado numa gaveta na parede no cemitério de Inhaúma, na zona norte.”O artista não morre, ele muda de lugar, a música está aí, continua viva na nossa memória e emoções”, disse em vídeo Zeca Pagodinho.
Para Maria Bethânia, o samba sentirá bastante sua falta.Segundo o neto André, ela deixou cerca de 40 composições inéditas, algumas em parceria com ele próprio.Dona Ivone havia sido internada duas semanas atrás com insuficiência respiratória, dizem familiares. A causa oficial da morte não fora divulgada até a conclusão desta edição. A artista deixa um filho, Alfredo, dois netos e três bisnetos.