AFP
Série de língua não inglesa mais vista na Netflix, La Casa de Papel prepara sua terceira temporada com o status de fenômeno mundial. Segundo Álex Pina, criador do programa, o seriado faz sucesso por “confundir moralmente o espectador”, que, no fundo, gosta de ser manipulado. Sendo assim, a próxima fase continuará seguindo a mesma premissa.
“Temos uma quadrilha de desencantados, de perdedores, uma ‘Tóquio’ que não tem aonde ir, uma ‘Nairóbi’ que tem uma história tremenda. Todos os personagens têm uma realidade muito dura. Você se une a eles porque quer que ganhem”, diz a roteirista e coprodutora Esther Martínez Lobato à AFP.
Segundo Pina, os fãs, através das redes sociais, são grande fonte de pesquisa para os roteiristas. Contudo, não mexem no rumo da história. “Havia, por exemplo uma grande parte das pessoas que queriam matar Arturo e que realmente o odiavam. E, no entanto, a Netflix fez uma amostra entre os fãs da série e uma das coisas mais fascinantes é que as pessoas gostam de odiar Arturo”, conta o criador do programa sobre o personagem, supostamente um mocinho. “Estamos confundindo o espectador moralmente. Ele não sabe se ‘Berlim’ é um cara que se deve odiar. Ele é realmente misógino, desprezível, cruel e, mesmo assim, você o adora. Estamos mudando o foco moral e manipulando o espectador, e acho que o espectador gosta que façamos isso.”
Para a terceira temporada, os produtores garantem que a Netflix lhes deu carta branca. “Encontramos uma ideia que achamos que é maravilhosa”, conta. “Vamos tentar trabalhar a fragmentação, a desordem do tempo. O espectador é cada vez mais especialista, vê muitíssimas horas de ficção por dia. Pode ser que cheguemos a manejar cinco tempos em um mesmo capítulo.”
A terceira parte da série La Casa de Papel está prevista para estrear em 2019.