domingo, 24 de novembro de 2024

Cantores sertanejos pagam para aparecer em playlists do YouTube

Gente como Michel Teló, Humberto e Ronaldo, Jorge e Mateus, Jefferson Moraes, Jads e Jadson, Marcos e Belutti, entre outros, foram citados como alguns dos que já compraram espaços no YouTube.

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Antony e Gabriel (Foto: Reprodução/Talismã Music)

Olhar Digital

 

Antony e Gabriel (Foto: Reprodução/Talismã Music)

Existe um termo chamado “jabá” no mercado musical brasileiro que define o pagamento de uma quantia para que determinadas músicas sejam tocadas ao longo da programação de uma estação de rádio. E agora há também algo que vem sendo considerado o “jabá 2.0”, que, em vez do rádio, tem o YouTube como plataforma.

 

Nesta sexta-feira, 24, o G1 publicou uma extensa reportagem que revela como funciona esse novo setor, em que cantores pagam milhares de reais para aparecer em listas de reprodução criadas no site de vídeos do Google.

 

O mercado atende principalmente o gênero sertanejo, um dos mais populares no país atualmente, e aparentemente nasceu sem querer. Pessoas entrevistadas pelo G1 contaram que criaram suas listas por motivos modestos, como usar em festas ou organizar músicas. Anos mais tarde, acabaram descobrindo que tinham em mãos uma mina de ouro — uma das playlists conta com 140 milhões de visualizações, por exemplo.

 

 

Com tanta audiência, esses internautas passaram a vender posições nas listas. Um caso citado por todos os entrevistados é o de Édico Antonio Corrêa, o Antony da dupla Antony e Gabriel, que confirmou à reportagem ter investido dinheiro nesse negócio. “A gente era totalmente desconhecido, só tinha presença regional e, a partir da playlist, começou a ficar conhecido”, relatou ele. Deu tão certo que o canal dos dois no YouTube tem atualmente 380 milhões de acessos.

 

Gente como Michel Teló, Humberto e Ronaldo, Jorge e Mateus, Jefferson Moraes, Jads e Jadson, Marcos e Belutti, entre outros, foram citados como alguns dos que já compraram espaços no YouTube.

 

“Hoje está muito mais caro. Só vale a pena se tiver música boa em mãos. Tem muito artista investindo. Mas muita gente mesmo. Todo mundo do segmento conhece o poder da playlist e está investindo”, disse Antony ao G1, acrescentando que hoje gasta “no máximo” R$ 3.000 por mês para entrar em playlists.

 

As primeiras posições geralmente não são vendidas por questões de credibilidade, mas, quando isso acontece, sai bastante caro. Um dos donos de lista disse já ter cobrado R$ 3.000, mas um empresário disse ao G1, sob condição de anonimato, que chegou a pagar R$ 17 mil por mês para ter um cliente no topo de uma playlist do YouTube.

 

O mercado se desenvolveu tanto que passou a ser observado internacionalmente. Uma empresa romena chamada RedMusic tem comprado listas e hoje é dona de cinco das 10 mais populares do gênero sertanejo — juntas, essas 10 somam 2,6 bilhões de acessos, e a primeira, com 1,3 bilhão, foi vendida por R$ 30 mil por Adriano da Silva Lucas, um dos entrevistados pelo G1, em 2016.

 

O Google foi procurado pela reportagem para explicar qual é a sua posição em relação a esse mercado, mas não retornou ao G1. A política de uso do YouTube, porém, não proíbe acordos do tipo.

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