quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Caso o amanhã nunca chegue, por Wilson Aquino

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Wilson Aquino (*)

Nesses tempos de pandemia, em que da noite para o dia perdemos parentes e amigos, um dos sentimentos que mais afligem as pessoas, além da tristeza e dor pelas perdas, é o do arrependimento por não dizerem àqueles entes queridos o quanto eles eram importantes para  suas vidas.

As pessoas tendem a protelar a tomada de decisão de enaltecer os valores do próximo, inclusive daqueles que gostam. Sentem uma dificuldade enorme de reconhecer e dizer: “Eu te amo”.

Quantos maridos e esposas, pais e filhos, vivem juntos durante toda uma vida e se esquivam de revelar, olho no olho, sobre os mais profundos sentimentos que nutrem um pelo outro? Muitos deles, quando cobrados por terceiros sobre isso, respondem com a já famosa frase: “Ora, ela sabe que eu a amo”.

A esses que pensam e dizem assim, garanto: Não basta! Pois o amor precisa ser exercitado com exemplos e ações e também com palavras sinceras, sempre. Faz muito bem para ambos a revelação desse poderoso sentimento que fortalece o relacionamento de pais e filhos, marido e mulher, namorado e namorada…

O amor fortalece todos aqueles que manifestam esse sentimento inclusive pela própria vida, pois o indivíduo ganha mais força e segurança para vencer todo e qualquer obstáculo que encontrar no caminho.

O arrependimento, que dá origem ao remorso, é real e profundo na vida de todos aqueles que se recusam a obedecer e explorar os mais nobres sentimentos que brotam do segundo grande mandamento de Deus, que é o de amar ao próximo como a nós mesmos.

Se o Senhor nos ordena que amemos até os nossos inimigos, deixando de lado toda mágoa, rancor e revolta, é porque Ele bem sabe que, como bons juízes que somos de nós mesmos, mais cedo ou mais tarde seremos cobrados por negligenciarmos a esse sagrado e sábio mandamento.

O indivíduo precisa desacelerar sua correria cotidiana, normalmente em busca de conquistas pessoais e materiais, e refletir sobre tudo isso. Sobre o verdadeiro sentido da vida que é a busca do crescimento e do fortalecimento espiritual.

Pois de nada adianta chegar ao fim da vida para descobrir que trilhou o mais longo e espinhoso caminho que não gerou bons frutos.

Quantos de nós já não se lamentou no presente, por ações e atitudes que não tomou no passado?

Quantos de nós já não fechou os olhos para tudo de belo existente à nossa volta para se voltar apenas a coisas que sequer estão à vista?

Quantos de nós já não olhou para trás e viu quantas grandes oportunidades perdeu porque não parou, não pensou, não refletiu?

Quantos de nós já não se olhou no espelho e descobriu o quanto envelheceu e quantos sorrisos e alegria perdeu?

Quantos de nós já não se deu conta de que as coisas materiais que juntou ao longo da vida não valeram a pena porque custaram a negligência de valores verdadeiros como o acompanhar o crescimento, educação e formação de um filho?

Quantos de nós “Devia ter amado mais

Ter chorado mais

Ter visto o sol nascer

Devia ter arriscado mais

E até errado mais

Ter feito o que queria fazer…”

Essas palavras da letra da música Epitáfio (Titãs) são oportunas pela profundidade de seu significado em relação ao arrependimento do ser humano quando este não vive intensamente o verdadeiro sentido da vida.

Então, caso o amanhã nunca chegue, melhor sermos   hoje, autênticos, honestos, alegres e verdadeiros e nunca deixarmos passar a oportunidade de dizer, especialmente aos pais, aos filhos e ao cônjuge: Eu Te Amo!

(*) Jornalista e Professor