VEJA
Chris Hemsworth encarna pela quinta vez o personagem que o tornou famoso mundialmente em Thor: Ragnarok. Mas quem se acostumou com o super-herói dos filmes anteriores vai ter uma surpresa, começando pelos cabelos, agora curtos. “Ele está bem diferente”, disse o ator australiano de 34 anos a VEJA, em Los Angeles. “É mais moderno. Uma versão mais solta do que antes. Tem menos daquela atitude ‘estou nesta posição por direito de nascença e sou o rei do universo’. Isso fica de lado, e ele se vê numa situação e num planeta onde ninguém se importa com quem ele é ou de onde veio, não há vantagem. Nem fisicamente é tão capaz. E vai ter de enfrentar seres muito poderosos.” Por exemplo, Hela, a vilã vivida por Cate Blanchett.
Na trama, Thor vai parar num planeta estranho liderado por Grande Mestre (Jeff Goldblum), levado por uma caçadora de recompensas (Tessa Thompson). Lá, reencontra Hulk (Mark Ruffalo) numa arena de gladiadores. Thor: Ragnarok também tem muito mais humor, graças ao diretor neozelandês Taika Waititi (O Que Fazemos nas Sombras), provando que o astro, além de tudo, tem talento para a comédia. Chris Hemsworth falou das mudanças, dos anos como Thor e da família. Confira abaixo:
Como encara essa nova fase do personagem? Eu estava meio cansado de mim mesmo e da minha interpretação do Thor. Assisti aos últimos filmes e pensei: “Que diabos estou fazendo?”. Me pareceu previsível. A culpa não era de ninguém, só minha. Senti que havia mais potencial no personagem que não tinha explorado ainda, então conversei com o Kevin Feige (presidente dos estúdios Marvel) sobre como reinventar o personagem. E Taika Waititi, nosso diretor, tinha uma visão tão única e um estilo tão diferente dos outros diretores. As mudanças se refletiram esteticamente: cortamos o cabelo, o figurino é diferente, tudo isso influenciou.
Como foi ter Cate Blanchett neste universo? Ela é incrível. É a pessoa mais pé no chão, disposta a trabalhar e com um grande senso de humor, não importa o que conquistou. Fiquei intimidado, claro, mas também empolgado.
E trabalhar só com o Mark Ruffalo, em vez de com todos os Vingadores? Pois é, Mark e eu nunca tivemos um diálogo nos outros filmes. Eu brinquei: “Será que a gente sabe o nome um do outro?”. Neste pudemos criar uma dinâmica entre os dois meio Butch Cassidy e Sundance Kid, de dois caras num filme de estrada. O Hulk também está diferente, então realmente foi possível fazer cenas de camaradagem.
Como descreveria esses sete anos vivendo Thor? Fantásticos! Eu me lembro de estar em Vancouver, atravessando uma rua, com meu agente no telefone, me explicando os detalhes do que estava me comprometendo a fazer, provavelmente três filmes como Thor e três outros dos Vingadores. E me lembro de dizer: “Será que vou ficar marcado pelo papel?”. Graças a Deus não fiquei com isso na cabeça, porque tive as melhores oportunidades por causa de Thor.
Vê uma data de validade para o Thor? Como você disse, já interpretou o personagem cinco vezes. Robert Downey Jr., por exemplo, que faz o Homem de Ferro, já disse que quer parar em breve. Certamente é possível que em dado momento o público não queira mais ver esses personagens. Mas aqui realmente demos novo vigor a esse mundo. Entendo que muitos atores comecem a se sentir cansados e mal podem esperar para se verem livres do contrato. Eu penso de maneira oposta. Tive muita sorte e oportunidades com o personagem. Espero que o público tenha apetite para mais.
mais jovens, muito tempo é dispendido em se analisar e pensar em si mesmo. Quando você tem filhos, tudo passa a ser para eles e sobre eles, não mais sobre você. E isso é bom. Continuo trabalhando duro, mas me divirto mais. Em alguns dos meus filmes, não foi tão divertido quando deveria. Percebi que, se vou passar tantas horas longe dos meus filhos, então é melhor que seja legal e tenha a sensação de estar fazendo algo especial que eles também possam curtir. Meus filhos agora conseguem assistir e entender filmes. E eles vão ser os jurados mais honestos, vão dizer quando um filme é uma droga.
Verdade que você insistiu que o filme fosse rodado na Austrália, agora que se mudou para lá? Não insisti, mas sugeri. Na verdade, achei que jamais topariam. Mas a Disney, que é dona da Marvel, tinha rodado Piratas do Caribe lá. Eles se comprometeram a estudar a possibilidade. E no fim aconteceu.
Foi mais fácil para sua família visitá-lo no set? Como foi para eles? Minha filha tem 5 anos, e os gêmeos, 3. Para um dos garotos, tudo é incrível. A menina e o outro menino não acham grande coisa (risos). Na verdade um dos gêmeos, Sasha, sempre fala para os outros sobre seu irmão: “É, o Tristan ama Thor. Eu não ligo”. Mas eles visitaram o set e tal. Falei com o Tristan ontem à noite, e ele me perguntou: “Papai, você está trabalhando, lutando contra os monstros?”. Respondi que sim. Não que jornalistas sejam monstros, claro (risos).
Então você é um ator/super-herói para eles. É. Acho que eles não entendem direito o que é real e o que é fantasia. Por isso tive uma certa resistência a mostrar os filmes. Mas num voo minha sogra viu o filme com um dos meninos, e ele saiu correndo, dizendo “Papai Thor, pou!” e socando tudo. Pensei: “Ai, que beleza”.
O que acha que herdou do seu pai e da sua mãe? Meus pais dão muito valor ao trabalho e são muito humildes. Eu acredito ter herdado isso dos dois. E também acho que têm muito senso de humor e uma boa atitude frente aos obstáculos da vida. Uma coisa meio: “Bem, pelo menos tentei”.