João Pires

Delcídio do Amaral concedeu entrevista de Brasília ao jornalista Cadu Bortolotti, no programa Noticidade, radio FM Cidade 97, na Capital. Após 87 dias preso por suspeita de atrapalhar as investigações da ‘Operação Lava-Jato’, foi solto na sexta-feira passada em regime de ‘recolhimento noturno’, ou seja, poderá sair de casa para exercer normalmente o mandato no Senado Federal.
Durante a entrevista negou que teria coagido os colegas senadores na tentativa de escapar de uma eventual cassação de seu mandato, como divulgado em alguns veículos de comunicação. Ele alega que a matéria divulgada na mídia poderia ser um ato de vingança por um jornalista que preferiu não identificar. “Ele [jornalista] tentou entrevistar a força minha mãe, invadiu o apartamento de uma mulher de 80 anos, tentou fotografar e talvez por vingança saiu esta matéria na segunda-feira. Quem faz jornalismo sabe que não funciona assim e quem me conhece sabe que sou um homem de conciliação e de dialogo”, disse.
PRISÃO
Amaral comentou sobre o a gravação que culminou em sua prisão, alegando que houve ilegalidade na origem da denúncia. “Fui gravado ilegalmente, pois para ser gravado teria que ter autorização do STF”, considera. “O comunicante que também apresentou a denúncia, não mencionou organização criminosa e com isso não tem permanência no delito, ou seja não poderia ter fragrante e consequentemente o delito deixaria de ser inafiançável”, completou.
DECORO
O senador considera ainda que não infringiu processo ético no Senado, alegando que o teor da gravação foi uma conversa particular à uma família. “Alegar quebra de decoro é forçar a barra demais. É como se você tivesse dirigindo o seu carro e eventualmente se envolvesse em um acidente danoso e isso implicasse no seu mandato. É preciso separar muito bem a coisa”, enfatizou.
MATO GROSSO DO SUL
Após atestado médico de 15 dias, o senador Delcídio afirmou que retorna ao Mato Grosso do Sul, onde foi eleito senador em 2003. “Vou cuidar muito da minha saúde agora, ver se esta tudo sobre controle e naturalmente volto para o Senado. Terminando os exames todos eu volto ao Mato Grosso do Sul. É minha casa é meu lugar”, disse.
Já com relação ao período que esteve preso comentou que acompanhou o seu processo constantemente e considerou uma experiência difícil, porém de aprendizado. “Foi uma experiência muito difícil, estabeleci numa rotina muito dura, trabalhei no meu processo permanentemente, lia muito, eu leio normalmente muito, minha mente estava sempre ocupada”, afirmou.
Católico por formação reafirmou a importância da religião e do apoio da família. “Tudo isso me reforça ainda mais o papel da Deus na vida, sempre valorizei isso sistematicamente, assim como a família também reforça os laços. Gente que mandava Bíblia, cartas, do nosso Estado, do Brasil inteiro, então isso mostra para você a solidariedade, companheirismo e lealdade”, considera. “Não tenho dúvida nenhuma que pessoalmente saio muito melhor, aprendi muitas coisas e começo a dar valor nas coisas que no cotidiano eu não prestava atenção”, completou
Apesar do tom amistoso na entrevista ao jornalista campograndense , o senador ainda fez um desabafo: “mesmo na atual situação meu processo é parecido a diversos senadores que tem processos que estão sendo investigados em virtude de denúncias no STF”.
Escute o áudio da entrevista clicando AQUI