quarta-feira, 27 de agosto de 2025

ESCOLA SEM CELULAR: Alunos citam ‘crise de abstinência’ e melhora de notas

Ministério da Educação apresentará um projeto de lei para vetar aparelhos em todas as instituições de ensino

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Aluno no celular enquanto professor escreve no quadro — Foto: Pixabay/Reprodução

Poderia ser o começo de um “Globo Repórter”: como vivem os alunos que não podem usar celular na escola? O que fazem? Como se relacionam? Você descobrirá as respostas ao longo desta reportagem, mas já adiantamos que:

As primeiras semanas após a proibição são “um pesadelo”, com “crises de abstinência” entre os jovens e choro de bebês que não aceitam nem comer, nem trocar a fralda sem a tela.

Em pouco tempo, a maioria consegue se adaptar e passa a prestar bem mais atenção às aulas. Os menores reaprendem a brincar, e os adolescentes trocam os chats de Whatsapp por esportes e por interações “à moda antiga”, cara a cara.

“É como a saída de um vício”, afirma Maristela Costa, professora de português da escola Alef Peretz (SP), onde, há sete meses, os celulares dos alunos começaram a ser diariamente “trancados” em pochetes magnéticas.

O Ministério da Educação (MEC) anunciou que, em outubro, lançará um projeto de lei para proibir o aparelho nos colégios do país

. Embora, por enquanto, não haja uma determinação nacional, 28% das instituições de ensino urbanas e rurais já implementaram restrições rígidas em relação aos smartphones, segundo a pesquisa TIC Educação 2023, divulgada em agosto deste ano pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil.

O uso de celulares em sala de aula já estava proibido nas escolas públicas municipais do Rio desde 2023. Em 2024, o decreto n° 53.918, do prefeito Eduardo Paes, endureceu a regra: os aparelhos foram banidos também na hora do intervalo. Só podem ser acessados em atividades pedagógicas específicas.

Para facilitar o controle, instituições de ensino como o GEO Martin Luther King, na Zona Norte da cidade, pedem que os alunos entreguem os celulares a um funcionário, que guarda tudo em uma caixa.

“Eu já vivi situações bem tristes, de você tentar impedir o uso do telefone e o aluno se comportar de uma maneira até meio assustadora”, afirma Aluisio Barreto da Silva, professor de história da rede municipal de ensino do Rio. “Um menino de 12 anos levantou, começou a chutar as cadeiras pela frente e saiu da sala.”

Um semestre após a proibição, 62% das escolas tiveram plena adesão à medida, e 38% enfrentaram dificuldades no processo de adaptação, informa a Secretaria Municipal de Educação.

Fonte: Portal G1

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