“Hoje eu tenho que chamar a atenção da criança por quase cinco minutos para entregar o cachorro-quente”.
Com essa frase, o ‘Seu Zé’, como é conhecido pelos clientes, resume a principal característica da nova geração (tecnológica) em comparação aos alunos dos anos 80, no mesmo local onde ele tem um carrinho de lanche, desde 1976, em frente ao colégio Imaculada Conceição, em Dourados.
José Teixeira da Silva (79 anos), o ‘Seu Zé’, é casado e pai de três filhos, destes um falecido. Natural de Pernambuco, veio para Dourados em 1976 para ‘tentar a sorte’, como dizem na linguagem popular. E conseguiu!
Ao Estado Notícias ele conta que quando chegou em Dourados, na década de 70, viu uma oportunidade de trabalho como vendedor de doces em frente à escola particular Imaculada Conceição, sendo que apesar já vender cachorros-quentes em festas de aniversários não levou o carrinho até o colégio, em respeito aos oitos vendedores ambulantes que também disputavam espaço no mesmo local.
Com o passar dos anos, somente o seu carrinho de lanche permaneceu e com isso ele pode levar o sustento para a família. Com orgulho relembra dos três carros que comprou aos filhos, entre eles o ‘Marcão’ (53 anos) que ajuda o pai até hoje. “Na época eu comprei um Fusca para cada filho”, afirmou.

No entanto, o Seu Zé considera preocupante a queda nas vendas por conta da expansão das lanchonetes, aliado a pandemia que resultou em restrições de aulas presencias.
“Logo que comecei aqui eu vendia mais de 100 cachorros-quentes ao dia e, hoje, mesmo antes da pandemia eu já não vendia nem metade”, lamentou.
Questionado pela reportagem sobre esta diminuição brusca, ele atribui principalmente a concorrência dos “fast foods” e a diminuição dos alunos matriculados no Imaculada devido a abertura de outras escolas particulares na cidade.
“Hoje tem várias escolas e muitos alunos preferem ir em lanchonetes. Já avisei minha família que se não melhorar estou pensando em abrir uma [lanchonete] pra mim”, afirmou ao mencionar o filho Marcão, como seu sucessor no ramo de lanches.
Crédito: João Pires