Sabe aquele ditado popular “nada como uma noite bem dormida”? Ele não é à toa. Uma boa noite de sono é tão essencial para a nossa saúde e bem-estar quanto qualquer outro hábito saudável.
Segundo os especialistas , enquanto dormimos, o nosso corpo trabalha para manter o cérebro e o restante do corpo funcionando. Por isso, dormir mal, a longo prazo, pode causar impactos significativos.
Segundo o médico neurologista e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), João Brainer, enquanto dormimos, o cérebro diminui a pressão arterial e ativa o sistema glinfático, responsável pela limpeza de substâncias tóxicas do organismo. No entanto, quando dormimos mal, isso não acontece.
“O nosso cérebro não só não consegue fazer a limpeza dessas substâncias que são nocivas e que, em contato persistente com o neurônio, estressam o funcionamento. Portanto, não permite que o neurônio funcione da forma adequada, deixando o raciocínio mais lento. Literalmente, você perde neurônios, diminui as conexões sinápticas e a velocidade de processamento. O que deixa o indivíduo lento, com dificuldade de interpretação do que está acontecendo”, explica Brainer.
Além do cansaço, da sonolência e da deterioração das funções cerebrais, há também um prejuízo de humor, dando mais chances de irritabilidade e depressão. De acordo com Luciana Palombini, pneumologista e pesquisadora do Instituto do Sono, os impactos são diferentes conforme a idade.
“Hoje, sabemos que existe um perfil individual para os efeitos do sono inadequado em diferentes pessoas, independentemente da idade. Agora, uma das coisas que acontece naturalmente com o aumento da idade é um prejuízo nos dois ciclos. Ou seja, existe uma maior chance de despertares noturnos e, durante o dia, uma maior chance de cochilos. Então, na faixa etária dos idosos, fica mais importante manter os hábitos de sono adequados porque existe uma maior tendência para essa desregulação”, diz a especialista.
Quais sinais o corpo dá quando o sono está ruim?
“O sono inadequado, os distúrbios de sono e a falta de sono impactam a saúde como um todo. […] Quando a pessoa não dorme de maneira adequada, muitas vezes, ela não se dá conta inicialmente. Essas queixas que falei, de sonolência, irritabilidade, de prejuízo de concentração e de memória, isso pode ir aumentando conforme a pessoa fica mais tempo com o sono inadequado”, afirma Palombini.
Como recuperar o sono?
A resposta, segundo João Brainer, é direta: o paciente deve procurar, primeiramente, dormir. O próximo passo é buscar regularizar o sono.
“Não adianta simplesmente [deixar de] dormir fora do horário habitual que o paciente costuma dormir. O ideal é que o paciente tenha uma rotina de sono para que ele comece a dormir bem”, destaca.
“Por exemplo, a diminuição da exposição a telas antes do período para dormir porque isso pode perturbar a forma como você vai dormir. Não adianta ter horas de sono, tem que ser horas bem produtivas de sono. Ter um ambiente confortável, em termos de temperatura e luminosidade. O ideal é dormir num breu completo. […] Que o paciente acorde e, de fato, tenha a sensação de que ele conseguiu descansar e que o cérebro dele vai ficar mais produtivo dali para frente”, pontua.
Fonte: Portal Terra