segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

Planeta está vivendo a era do fogo, alertam cientistas

No Brasil, nada parece mais surpreendente nessa nova época do que ver a antes úmida, cheia de água, exuberantemente verde Amazônia queimando como está agora

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Desmatamento é uma das explicações para tantos incêndios em biomas diferentes — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução

Uma das explicações para tantos incêndios em biomas diferentes está no desmatamento. Talvez esteja na hora de você atualizar a forma como encara o período que estamos vivendo na Terra.

“Nós da ciência, a gente já fala que a gente está no piroceno. Isso quer dizer: a época do fogo. E não é só no Brasil, não é só na Amazônia. A gente tem uma maior frequência, maior intensidade de incêndios ocorrendo no mundo todo”, afirma Erika Berenguer, pesquisadora da Universidade de Oxford.

No Brasil, nada parece mais surpreendente nessa nova época do que ver a antes úmida, cheia de água, exuberantemente verde Amazônia queimando como está agora.

Nas últimas décadas, sempre vimos as queimadas na Amazônia acontecendo na seguinte sequência: uma área era desmatada, a vegetação secava, e alguém colocava fogo para limpar. Quanto mais áreas desmatadas, mais fogo.

Agora, estamos vendo um novo fenômeno. O desmatamento vem diminuindo na floresta, mas os focos de incêndio estão aumentando.

“Atualmente, com quase 20% da Amazônia já desmatada com uso para criação de gado e agricultura – principalmente essas áreas de pastagem -, utiliza-se o fogo. Então, temos agora fontes de ignição que são relacionadas ao desmatamento diretamente, mas temos também fontes de ignição que são relacionadas ao manejo dessas áreas que já estão abertas e consolidadas”, diz Luiz Aragão, pesquisador do Inpe.

Mas o fogo como ferramenta de manejo nem é novidade na Amazônia. Os indígenas já usam há séculos para, por exemplo, limpar uma área para plantar mandioca. Mas o fogo não conseguia escapar da roça porque era cercado por uma parede verde muito úmida.

Mas a Amazônia não é mais a mesma. O arco do desmatamento vem avançando, criando diversas cicatrizes na floresta, manchas. Toda a área de borda vai ficando degradada, mais vulnerável. E a gente acrescenta a isso o calor acima da média e a seca brutal dos últimos anos. O resultado é uma floresta diferente: uma paisagem inflamável.

E prevenir é tão importante porque, no caso da Amazônia, recuperar totalmente é algo que a gente nem sabe quanto tempo pode levar.
Fonte: Portal G1

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