Wilson Aquino (*)
Em obediência ao segundo grande mandamento de Deus, de amarmos nosso próximo como a nós mesmos, é preciso que sejamos solidários a ele. E não tem como fazermos isso se não nos colocarmos em seu lugar para podermos compreender seu sofrimento, sua limitação, seu sentimento e necessidade.
A empatia é necessária para podermos mensurar o grau de ajuda que devemos empreender para alcançarmos êxito na ajuda ao próximo. Para que ele possa ser auxiliado naquilo que realmente precisa.
Além de fortalecer nossa relação com aqueles necessitados, esse exercício proporciona também elevado grau de crescimento e desenvolvimento moral e espiritual de quem o pratica.
E foi praticando que compreendi a profunda dor de muitos parentes, amigos e desconhecidos. Muitos deles submetidos às mais diversas situações de debilidade física, mental e espiritual. O desespero de quem está inerte em uma cama hospitalar, com suas forças e resistência exauridas é comoventemente triste.
Quem já não chegou à beira de uma cama durante uma visita a um enfermo e viu nos olhos dele esse desespero? um lento e inaudível pedido de socorro para ajudá-lo a sair dali? E como o desespero é recíproco, nos disfarçamos e procuramos criar um clima de esperança, alegria e fé de que tudo, muito breve, voltará à normalidade. Isso, mesmo diante da gravidade da doença. Mas é o que fazemos e o que realmente precisamos fazer. Afinal, se exercemos a “fé” em sua plenitude, é possível sim ajudá-lo a se recuperar, se levantar e andar. Deus nos dá esse poder de fazermos milagres pelo nosso próximo. Só precisamos acreditar e fazer.
Ainda me lembro da dor, primeiro pela minha mãe e anos depois, pelo meu pai, num leito hospitalar, em seus últimos dias de vida. Quão profunda dor nos corrói por todo interior. Muito jovem, não tinha ainda a segurança e a fé necessários para, quem sabe, confortá-los. Porém, tinha a certeza apenas de que trocaria com eles de lugar. Não me importaria em assumir suas dores e debilidades, desde que voltassem a ficar bem. Morreria até por eles.
Mas hoje entendo que todos temos nossos próprios fardos que devemos carregá-los. Portanto, não haveria como tomar-lhes seus lugares. O que podemos fazer pelos que sofrem é dar-lhes esperança de que tudo pode ficar bem e que é preciso confiar em Deus o tempo todo, mesmo que nossas orações e desejos não se realizem. Jamais podemos perder a fé Nele e devemos transmitir isso aos que estão em desespero, enfrentando as piores tempestades.
Mesmo que a cura ou a melhor saída não venham, quando confiamos no Senhor, Ele nos dá a segurança necessária para tudo suportar. Entendemos também que Seu plano para cada um de nós é muito maior que absolutamente qualquer coisa material ou emocional das quais conhecemos. Ele nos quer para a Eternidade, como Seus filhos. Daí a necessidade de todos, mesmo aqueles nos leitos hospitalares, confiarem Nele e seguirem em obediência a Seus mandamentos para que um dia todos possamos ser dignos de viver na Sua presença. No final, é apenas isso o que realmente importa na vida de absolutamente todos nós.
Jesus Cristo é nosso maior exemplo de empatia. Ele se colocou no lugar de muitos de nós que sofriam de variadas maneiras. Vivenciou indiretamente os pecados, as tristezas, os problemas e as lágrimas de toda a humanidade. Suportou todos esses fardos desde Adão e Eva até o fim do mundo.
Ele espera que cada um de nós siga Seu exemplo e também demonstre empatia, que é a capacidade de compreender os sentimentos, os pensamentos e a condição de outra pessoa sob a ótica dela e não a nossa.
Conheci a história de um membro da igreja tímido que costumava se sentar sozinho na última fileira da capela. Quando um membro do Quórum de Élderes faleceu repentinamente, o bispo deu bênçãos do Sacerdócio para consolar os familiares. As irmãs da Sociedade de Socorro foram levar comida. Ao conversarem com a família, amigos e vizinhos, bem intencionadas diziam: “Se precisarem de ajuda, é só avisar”.
Por outro lado, aquele homem tímido visitou a família no fim do mesmo dia, tocou a campainha e, quando a viúva atendeu, ele simplesmente anunciou: “vim limpar seus sapatos”. Cerca de duas horas depois, todos os calçados da família estavam limpos e engraxados, prontos para o funeral. No domingo seguinte, a família do Élder falecido se sentou ao lado do homem tímido na última fileira.
Ali estava alguém que conseguiu suprir uma necessidade não atendida. Tanto a família quanto ele foram abençoados por essa ajuda guiada pela empatia.
(*) Jornalista e Professor