Ciclistas se animaram com o lançamento da Trilha Amazônia Atlântica, a maior trilha sinalizada da América Latina, durante a COP30. Mas quem foi de bicicleta para prestigiar a programação na Zona Verde, que é a área aberta ao público da Conferência, acabou se deparando com a falta de estrutura para o transporte que é limpo e tem tudo a ver com a COP: “Cheguei lá e não tinha bicicletário”.
O relato é de Joab Marques, de 43 anos, que viaja o Brasil e mundo de bicicleta — é um cicloviajante. Ele resolveu ir à COP30 em parceria com a empresa de peças de bicicleta que o patrocina.
De Guarulhos, na Grande São Paulo, até Belém, no Pará, foram percorridos 3.070 km em 14 dias e 6 horas.
“Bike é uma pauta ativa na COP30. Bicicleta é um meio de transporte de energia limpa”, explica.
Com isso, na capital paraense, ele quis marcar presença no lançamento do projeto da grande trilha, fruto do esforço conjunto de frentes do Governo Federal e institutos como a Rede Brasileira de Trilhas com os ministérios do Meio Ambiente (MMA). No entanto, não conseguiu porque não encontrou um local seguro para deixar a bicicleta.
“Me falaram que tinha bicicletário só na Zona Azul, eu estava na Zona Verde. Na verdade, ninguém sabia realmente se tinha ou se não tinha. E algumas pessoas que estavam vindo [da Zona Azul] falavam que estava lotado, enquanto outras pessoas falando que não tinha nem lá. Moral da história: não podia entrar com a bike, não tinha onde guardar a bike. O Green Zone não tinha bicicletário”, contou.
“Eu fiz um vídeo falando que foi uma grande falha nisso. Um lugar onde a gente está falando sobre oportunidades de mudança e que ainda está atrasado em não ter um bicicletário para que as pessoas possam ter acesso à COP de qualquer forma –seja a pé, seja de carro, de ônibus, de metrô, e de bicicleta, que é o meu caso”, relatou o atleta, que compartilha sua rotina de pedal com mais de 20 mil seguidores nas redes sociais.

Afinal, tem ou não bicicletário na COP30?
A reportagem foi checar presencialmente os espaços reservados para guardar bicicletas na COP30, no sábado, 17 — e há apenas um, a céu aberto, na entrada da Zona Azul. Realmente, há falta de indicações de qualquer tipo de placa sobre o espaço e a grande maioria dos funcionários que a reportagem acionou, perguntando se sabiam onde o espaço ficava, não souberam informar. A maioria nem sabia que a área existia.
No Guia de Transportes da COP30, publicado pela organização, há informações e dicas sobre como chegar nas Zonas de táxi, transporte por aplicativo, veículos privados, ônibus público e mobilidade ativa. Bicicletas estão incluídas nessa ultima categoria junto aos patinetes elétricos –que, como a reportagem já mostrou, podem ser alugados para locomoção nos arredores da COP.
Zona Verde sem bike
Teoricamente era para também ter bicicletários do tipo na Zona Verde, mas a reportagem não os identificou. No local, foram questionados cerca de 10 funcionários da organização e ninguém soube indicar onde seria o suposto bicicletário, negando a existência do mesmo.
A falta do espaço tem desencorajado ciclistas a irem de bicicleta para a COP30, como é o caso de Renata Furtado, de 47 anos, que tem participado ativamente de programações paralelas da Conferência em um grupo de cerca de 50 ciclistas de diversos coletivos.
“Da entrada da Zona Azul até a Zona Verde é uma caminhada absurda. Se for pra ser assim, prefiro ir direto a pé”, conta. E quando não tem outro jeito, a saída é prender as bicicletas nas grades da Zona Verde em meio à rua, do lado de fora.
A reportagem acionou a COP30 em busca de maiores esclarecimentos sobre o assunto. O espaço segue aberto e será atualizado em caso de retorno.
Fonte: Portal Terra