quinta-feira, 9 de maio de 2024

Adolescente que levou PMs à prisão é apreendido com droga em Campo Grande

Garoto denunciou suposta agressão em abordagem; policiais negaram.

Compartilhar

G1/MS

 

Policiais presos após denúncia de agressão durante abordagem policial (Foto: Gabriela Pavão/ G1 MS)

O adolescente de 15 anos, que denunciou três policiais militares por susposta agressão em janeiro, foi apreendido com drogas na noite de quinta-feira (11), em Campo Grande. Segundo a Polícia Civil, ele e outro garoto também de 15 anos foram denunciados por ameaça e foram flagrados pela polícia com porções de maconha no Jardim Petrópolis.

 

O delegado que atendeu o caso, João Eduardo Davanço, disse ao G1 que os adolescentes foram abordados pela Polícia Militar após denúncia de ameaça com arma de fogo em via pública.

 

“Duas vítimas acionaram a PM, os policiais acharam eles [adolescentes] e cada um estava com uma posse de droga. As vítimas falaram que foram ameaçadas com arma de fogo, mas não foi encontrada arma com os adolescentes. Eles também não obedeceram a ordem [de parada da viatura] e vão responder por ameaça, desobediência e portar drogas para consumo pessoal”, informou Davanço.

 

Os adolescentes foram levados para a Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) do Centro, onde prestaram depoimento e foram entregues aos responsáveis legais sob compromisso de se apresentarem ao juizado quando forem chamados.

 

O garoto que denunciou os policiais por agressão no mês passado já tinha registros de atos infracionais, entre eles um análogo a estupro de vulnerável. Os policiais foram presos em flagrante pela Corregedoria da corporação e foram soltos depois de três dias, quando a Justiça concedeu o habeas corpus.

 

Na época, o Corregedoria informou os policiais denunciados pela susposta agressão são “excelentes policiais, reconhecidos pela tropa e considerados policiais de destaque” e nunca tiveram conduta duvidosa.

 

Denúncia

 

O adolescente de 15 anos denunciou ter sido agredido por uma equipe policial durante uma abordagem policial na avenida Júlio Castilho, no dia 19 de janeiro.

 

No dia da prisão, os policiais prestaram depoimento e negaram a abordagem relatada na denúncia, segundo informou ao G1, na época, o tenente-coronel José Gomes Braga, corregedor-adjunto da PM.

 

A Associação de Cabos e Soldados considerou as prisões “arbitrárias e injustas”, afirmou que a equipe não abordou o adolescente que fez a denúncia e negou qualquer tipo de agressão ou excesso na abordagem policial.

 

Para a Corregedoria, o adolescente contou que estava na garupa de uma motocicleta, pilotada por outro garoto, quando uma viatura da PM se aproximou deles. O adolescente disse que foi abordado pela polícia e desceu da motocicleta, mas o piloto fugiu.

 

Segundo o garoto, a equipe policial seguiu o piloto, mas não conseguiu alcançá-lo e depois voltou ao local da abordagem, onde o garoto estava. Ele disse que foi colocado na viatura e levado pelos policiais para outro local, onde foi agredido e forçado a falar quem seria o piloto que fugiu.

 

De acordo com a ACS, a equipe policial confirmou que seguiu uma motocicleta com dois jovens em atitude suspeita, no mesmo local e horário relatado na denúncia, e deu ordem de parada, mas o veículo não acatou e fugiu.

 

Mobilização

 

A prisão dos três policiais militares gerou grande mobilização entre agentes da segurança pública. No dia seguinte à prisão, os policiais estiveram em audiência de custódia no Fórum de Campo Grande. Do lado de fora, policiais civis, militares, guardas municipais e agentes penitenciários se mobilizaram em frente ao local e acompanharam a chegada e a saída dos três policiais denunciados.

 

A rua 25 de Dezembro entre a Barão do Rio Branco e a rua Da Paz foi interditada para o trânsito de veículos devido à mobilização. Cerca de 200 pessoas participaram. No dia seguinte, policiais algeram o próprio braço em apoio aos colegas que ainda estavam presos.

Últimas notícias