sexta-feira, 18 de outubro de 2024

Como funciona ‘vacina’ para Alzheimer que poderá ser testada no Brasil

O Brasil poderá ser incluído no programa de testes da fase 3, que será projetado e conduzido pela biofarmacêutica Takeda

Compartilhar

Vacina poderá ser testada no Brasil (Foto: Divulgação)

Uma possível nova linha de combate ao Alzheimer está em teste e o Brasil poderá fazer parte das pesquisas. A AC Immune, startup suíça de biotecnologia, desenvolve a ACI-24.060, uma imunoterapia ativa que tem o objetivo de combater a proteína beta-amiloide, que se acumula no cérebro e é uma das principais responsáveis pelo avanço desse transtorno neurológico degenerativo.

Segundo Gary Waanders, vice-presidente sênior de relações com investidores e comunicações da AC Immune, a ACI-24.060 ensina o sistema imunológico a reconhecer e remover as formas tóxicas da beta-amiloide, semelhante à maneira como uma vacina ensina o sistema imunológico a reconhecer e eliminar patógenos infecciosos, como vírus.

Waanders esclarece que, assim como as vacinas, as imunoterapias ativas são esperadas para serem seguras, com administração ao paciente de maneira amigável e fabricadas, transportadas e administradas pelos sistemas de saúde globais.

No Brasil, as medicações [para o Alzheimer] são dadas quando se faz o diagnóstico, para não haver progressão da doença. Assim, essa imunoterapia é um avanço, pois visa estimular um anticorpo da própria pessoa para combater o acúmulo de beta-amiloide .

“No estudo em andamento —fase 1a/2 ABATE—, com previsão de conclusão até junho de 2026, estamos recrutando participantes com doença de Alzheimer no estágio prodromal, com pequenas mudanças nas habilidades ou no comportamento e adultos com síndrome de Down”

Em que fase estudo está?

“No estudo em andamento —fase 1a/2 ABATE—, com previsão de conclusão até junho de 2026, estamos recrutando participantes com doença de Alzheimer no estágio prodromal, com pequenas mudanças nas habilidades ou no comportamento e adultos com síndrome de Down”, detalha Waanders.

No atual ensaio clínico, o produto é administrado por meio de várias injeções intramusculares ao longo de pelo menos 12 meses. Os futuros testes da fase 3 ainda não foram determinados, segundo o porta-voz. “É possível recrutar pacientes em estágios iniciais semelhantes, mas isso ainda não foi determinado.”

Brasil poderá participar da próxima fase

O Brasil poderá ser incluído no programa de testes da fase 3, que será projetado e conduzido pela biofarmacêutica Takeda e contará ainda com participantes dos Estados Unidos e de países da Europa, Ásia e América Latina. “Um programa global de desenvolvimento da fase 3, geralmente,

envolve muitos participantes internacionais e, devido à grande população, o Brasil seria considerado”, diz Waanders.

“A inclusão do Brasil em estudos clínicos sobre o tema é relevante, pois havendo pesquisas em nossa população, estaremos em posição de incorporar esses tratamentos de forma precoce”, afirma Maria Carolina Tostes Pintão, head médica de pesquisa e desenvolvimento do Grupo Fleury.

Para Alves, participar na fase 3 é muito importante. “Nossa população tem algumas características interessantes, como diversidade genética, condição socioeconômica mais baixa, quando comparada aos Estados Unidos e Europa, o que impacta o envelhecimento de forma peculiar”, diz ela.

“Há também os fatores de risco potencialmente modificáveis, como baixa escolaridade e índices de alcoolismo e tabagismo, que afetam o envelhecimento cerebral. Existem ainda particularidades populacionais distintas entre as regiões que podem representar resultados múltiplos para o estudo.”

Além disso, segundo ela, o país tem centros especializados em Alzheimer, em envelhecimento e com muita experiência clínica em estudos de fase 3 e de alta complexidade. “De certa forma, o Brasil tem hoje profissionais de vanguarda na neuropsicogeriatria que atuam com envelhecimento com Alzheimer. Assim, ter a participação nesses estudos colabora com a disseminação de conhecimento.”

Fonte: Viva Bem Uol

Últimas notícias