G1/MS

Um princípio de incêndio no Estabelecimento Penal Feminino “Carlos Alberto Jonas Giordano” em Corumbá, mobilizou Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) durante um motim na manhã desta quinta-feira (25).
A confusão foi provocada pelas detentas que são contra a presença da mulher de 31 anos, suspeita de torturar o menino de 4 anos em rituais de magia negra em Campo Grande, segundo informou o diretor-presidente da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), Ailton Stropa.
Ele relatou que detentas colocaram fogo em alguns objetos no solário e que algumas pessoas foram socorridas por terem inalado fumaça tóxica. Até o momento, não há informações do número de feridos. Ainda conforme Stropa, a suspeita de tortura será transferida novamente para outra unidade prisional.
Três presos
Ela foi presa em flagrante na terça-feira (23) e transferida para Corumbá na quarta-feira (24), porque também foi recebida com protestos de presas do Instituto Penal Irmã Irma Zorzi, na capital, após sair da Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do Centro.

O marido dela, de 46 anos, também está preso. Os dois confessaram o crime e disseram que agiam sob influência de uma entidade espiritual, além de afirmar que agrediam a criança em situações fora dos rituais de magia negra. Os nomes dos tios-avós que tinham a guarda não serão divulgados nesta reportagem para garantir os direitos de proteção da criança.
O terceiro suspeito é um jovem de 18 anos, sobrinho do casal e primo da criança. Ele foi preso em Aquidauana e disse que assistia às agressões. Ele presta depoimento nesta manhã na Depca (Delegacia Especializada de Atendimento à Criança e ao Adolescente).
Visita surpresa
O caso foi denunciado depois que a criança foi internada na Santa Casa com ferimentos e sinais de tortura na noite de terça-feira (23) e chocou os profissionais das polícias militar e civil, Conselho Tutelar e médicos que atenderam a ocorrência em Campo Grande.
Conforme a delegada Priscilla Anuda Quarti, há indícios de que a criança já vinha sofrendo agressões físicas há bastante tempo.

A situação foi descoberta durante uma visita surpresa da equipe multidisciplinar da entidade de acolhimento onde o menino esteve antes de ser adotado. O acompanhamento sistemático é feito durante os seis primeiros meses da adaptação da criança na família extensiva para depois os tios-avós conseguirem a guarda definitiva.
Nesse período, nenhuma anormalidade foi constatada, segundo a coordenadora do núcleo de adoção do Fórum de Campo Grande, Lilian Regina Zeola. A última visita foi feita no dia 29 de outubro de 2015.
Em dezembro, o menino foi levado pelos tios a uma festa do abrigo onde morou. No local vive a irmã dele à espera de adoção. Desde então, a tia não foi mais encontrada pela equipe de acompanhamento, por isso, a visita surpresa foi feita nesta semana.