quinta-feira, 9 de maio de 2024

Detentas fazem motim em Corumbá contra suspeita de torturar criança em ritual

Princípio de incêndio mobilizou bombeiros e teve feridos, diz Agepen.

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G1/MS

 

Tortura acontecia em casa no Centro de Campo Grande (Foto: Gabriela Pavão/ G1 MS)

Um princípio de incêndio no Estabelecimento Penal Feminino “Carlos Alberto Jonas Giordano” em Corumbá, mobilizou Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) durante um motim na manhã desta quinta-feira (25).

 

A confusão foi provocada pelas detentas que são contra a presença da mulher de 31 anos, suspeita de torturar o menino de 4 anos em rituais de magia negra em Campo Grande, segundo informou o diretor-presidente da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), Ailton Stropa.

 

Ele relatou que detentas colocaram fogo em alguns objetos no solário e que algumas pessoas foram socorridas por terem inalado fumaça tóxica. Até o momento, não há informações do número de feridos. Ainda conforme Stropa, a suspeita de tortura será transferida novamente para outra unidade prisional.

 

Três presos

 

Ela foi presa em flagrante na terça-feira (23) e transferida para Corumbá na quarta-feira (24), porque também foi recebida com protestos de presas do Instituto Penal Irmã Irma Zorzi, na capital, após sair da Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do Centro.

Objetos usados na tortura foram encontrados na casa (Foto: Divulgação/ Polícia Civil de MS)

 

O marido dela, de 46 anos, também está preso. Os dois confessaram o crime e disseram que agiam sob influência de uma entidade espiritual, além de afirmar que agrediam a criança em situações fora dos rituais de magia negra. Os nomes dos tios-avós que tinham a guarda não serão divulgados nesta reportagem para garantir os direitos de proteção da criança.

 

O terceiro suspeito é um jovem de 18 anos, sobrinho do casal e primo da criança. Ele foi preso em Aquidauana e disse que assistia às agressões. Ele presta depoimento nesta manhã na Depca (Delegacia Especializada de Atendimento à Criança e ao Adolescente).

 

Visita surpresa

 

O caso foi denunciado depois que a criança foi internada na Santa Casa com ferimentos e sinais de tortura na noite de terça-feira (23) e chocou os profissionais das polícias militar e civil, Conselho Tutelar e médicos que atenderam a ocorrência em Campo Grande.

 

Conforme a delegada Priscilla Anuda Quarti, há indícios de que a criança já vinha sofrendo agressões físicas há bastante tempo.

 

Churuto era usado para queimar criança (Foto: Divulgação/ Polícia Civil de MS)

A situação foi descoberta durante uma visita surpresa da equipe multidisciplinar da entidade de acolhimento onde o menino esteve antes de ser adotado. O acompanhamento sistemático é feito durante os seis primeiros meses da adaptação da criança na família extensiva para depois os tios-avós conseguirem a guarda definitiva.

 

Nesse período, nenhuma anormalidade foi constatada, segundo a coordenadora do núcleo de adoção do Fórum de Campo Grande, Lilian Regina Zeola. A última visita foi feita no dia 29 de outubro de 2015.

 

Em dezembro, o menino foi levado pelos tios a uma festa do abrigo onde morou. No local vive a irmã dele à espera de adoção. Desde então, a tia não foi mais encontrada pela equipe de acompanhamento, por isso, a visita surpresa foi feita nesta semana.

 

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