Wilson Aquino (*)
É janeiro, início de um novo e promissor ano. Tempo de refletir e desfazer de fardos que carregamos desnecessariamente, para que possamos caminhar mais leves e seguros rumo a novos e grandiosos desafios. Fardos como mágoa, rancor, raiva e tantos outros semelhantes, guardados e nutridos contra pessoas próximas de nós e até de parentes, precisam ser descartados.
Muitos não sabem, mas esses sentimentos são nocivos para o próprio indivíduo que os retém, pois corroem o coração, a mente e a alma do indivíduo, provocando doenças, indisposição, mau humor. Impedem o indivíduo de crescer, de evoluir e ser feliz.
Não sabem também que ao contrário, quando perdoamos aqueles que nos ofenderam, somos nós mesmos os maiores beneficiados. Além do alívio do pesado fardo desprendido de nossos ombros, somos automaticamente tomados por uma incrível sensação de alegria e de bem-estar duradouros.
Conheci muitas pessoas, inclusive, para meu espanto, pais, filhos e irmãos que não se falam há anos, décadas até em alguns casos, por conta de sentimentos de mágoa, rancor… que ambos ou apenas um dos lados resolveu carregar. Muitos, no entanto, mais cedo ou mais tarde, acabaram exercendo o poderoso milagre do perdão, deixando de lado o orgulho, que vive à espreita procurando impedir as pessoas de viverem e conviverem em harmonia e passaram a experimentar sensações incríveis de alegria e felicidade plena.
Para uma mãe que se recusava a ver e receber seus 3 filhos há mais de 8 anos porque se recusaram a vingar a morte de seu quarto filho, que fora assassinado por um bandido do bairro onde moravam, não hesitei em tentar abri-lhe os olhos e o coração para quão precioso tempo perdeu de convívio com os filhos e de conhecer e amar os netos que haviam nascido há alguns anos.
No final, disse a ela: E se algum deles a tivesse ouvido e executado a vingança, provavelmente alguns deles, ou nenhum, estariam vivos hoje, porque violência sempre gera violência. Percebi então que ela mergulhou em pensamentos que fizeram desaparecer de seu rosto aquela expressão de rancor e ódio que enrijeciam seus músculos faciais e lábios. Instantes depois, calmamente ela me perguntou quem eu era. Lhe respondi que era apenas uma pessoa que compreendia quão longe ela estava das mãos de Deus, privada, por conta disso, de uma vida melhor e saudável com sua família.
O perdão é um dos mandamentos e ensinamentos do Senhor. Ele, na sua infinita bondade e sabedoria, nos ensinou desde sempre, que devemos “perdoar a quem nos tem ofendido”, para que possamos viver bem.
A ciência comprova que Ele está muito certo, pois todo indivíduo que cultiva no coração e na alma esses sentimentos de mágoa e ódio de alguém, com o tempo acaba desenvolvendo em seu corpo e mente doenças graves como o câncer e tantos outras.
O perdão é importante e podemos comprovar isso nas Escrituras Sagradas. Quando Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: “Senhor, quantas vezes deverei perdoar a meu irmão quando ele pecar contra mim? Até sete vezes?” Jesus então respondeu: “Eu digo a você: Não até sete, mas até setenta vezes sete” (Mt. 18:21-22).
Não tenho dúvida de que se Pedro, eu ou você perguntasse ao Senhor se setenta vezes sete, que daria 490 vezes, seria então o limite para perdoarmos alguém, certamente o Senhor responderia dizendo que deveríamos multiplicar esse valor (490) por sete e assim sucessivamente. O perdão deve ser uma ação inesgotável do homem. Um princípio moral e espiritual de vida.
Não podemos esquecer que devemos fazer essa ação para sermos abençoados pelo Senhor. É como Ele fala em Marcos (11:25-25): “E, quando estiverem orando, se tiverem alguma coisa contra alguém, perdoem-no, para que também o Pai Celestial perdoe os seus pecados. Mas, se vocês não perdoarem, também o seu Pai que está nos céus não perdoará os seus pecados”.
Então, que possamos pensar, refletir e abandonar o orgulho e perdoar aqueles que nos ofenderam para que possamos trilhar a jornada da vida com fardos mais leves e abençoados pelo Senhor em 2022.
(*) Jornalista e Professor