Leandro Belon (*)
Tenho visto os posts de repercussão das manifestações e seu uso errado para discriminarem brancos de negros, pobres de ricos.
Como as pessoas estão invertendo valores por conta do Estado. É isso mesmo! Do Estado! Este que quer fazer você acreditar que ser pobre, negro, idoso, estudante, ou seja o que for, deve ser tratado de modo diferente.
Morei na cidade de Salvador/BA, onde talvez 70% dos meus amigos sejam negros e nunca paramos pra discutir segregação, todos acham que devem conquistar suas metas por mérito próprio. Alias vários amigos têm sucesso em suas profissões correndo atrás por mérito próprio.
Falando em mérito próprio, meu pai foi à falência por duas vezes e em nenhuma delas colocamos a culpa no governo Y ou X.
Em ambas às vezes levantamos a cabeça e corremos atrás de trabalhar para garantir nosso sustento. Nunca procurei o governo pra pedir ajuda.
Falando em trabalho, meu primeiro emprego foi como comprador de latinhas de alumínio. E se você acha que eu ficava num escritório no ar condicionado, se engana, pois meu contato era com os catadores. Andava de ônibus, vários quilômetros ao dia para ganhar menos que um salário mínimo a época. Você acha que tenho vergonha disso? Absolutamente NÃO! Ao contrário, tenho muito orgulho!
Meu segundo emprego foi nas lojas Riachuelo de um shopping, o qual trabalhava nos domingos. Isso! Você leu domingo. Confesso que era um saco, mas nunca pensei que meu patrão era explorador, da elite burguesa ou qualquer coisa do gênero. Ao contrário se pra mim trabalhar num domingo era um saco, então eu que procurasse outro emprego, aliás, os incomodados que se mudem. E foi o que eu fiz indo trabalhar em um escritório.
Há! E se você tá aí pensando no lance racista, o cara é branco, tinha várias oportunidades, se engana, pois meu supervisor era negro. Aliás, pessoa que eu admiro até hoje, cuja carreira de sucesso ainda continua.
Pra finalizar, meus pais não tiveram condições pra bancar os melhores estudos, nem eu me dediquei muito confesso, no sentido de me conduzir a uma faculdade pública, considerada na época como as melhores do país. Mas gostaria de ter entrado em uma delas por mérito próprio.
Acabei indo estudar em uma instituição privada, cuja qual, passei a dever por não ter condições de pagar. Mesmo assim eu não desisti, procurei uma bolsa de estudos e me recordo que falei à coordenadora que se fosse necessário lavar banheiro lavaria, mas queria me formar. Sim, não tenho vergonha de exercer qualquer profissão digna. Dentro da faculdade fui galgando passos por méritos próprios e fui conseguindo o que queria. Ainda, neste período, vendia mini pizzas para sustento da minha família.
Porém nunca em nenhum momento idealizei que o Estado tinha que ajudar, seja de qual maneira for. Muito menos me achava pobre, oprimido, marginalizado ou coisas do gênero. Aliás pobre pra mim é um estado de espírito.
Então não me venham com essa baboseira de babá negra oprimida ou qualquer outra porcaria do gênero. Deixem de ser coitados e passem a ideia de que as coisas podem ser conquistadas com trabalho, estudo e dedicação.
Passem a depender menos do Estado. Quanto mais Estado em nossas vidas mais alienações políticas desse género irão surgir, pois servem sempre de massa de manobra ao voto.
E pratiquem, por favor, a caridade real e física do que essa caridade do blá, blá, blá…
(*) Advogado/Dourados
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