quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Pobreza menstrual e saúde pública, por Victoria Paschalis

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você tem consciência do que é pobreza menstrual?

Segundo o estudo Livres Para Menstruar, do movimento Girl Up, uma em cada quatro meninas não possui absorvente durante o seu ciclo menstrual. O assunto vem tornando-se cada vez mais em alta por conta do veto do Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual (Lei 14.214), que previa a distribuição gratuita de absorventes à estudantes de baixa renda matriculadas em escolas da rede pública de ensino, mulheres em situação de rua ou vulnerabilidade social extrema, mulheres apreendidas e presidiárias, recolhidas em unidades do sistema penal e mulheres internadas em unidades para cumprimento de medida socioeducativa. (Fonte: Agência Senado)

Mas afinal, você tem consciência do que é pobreza menstrual? Desmistificando o assunto que parece complexo, o termo retrata sobre a falta de incentivo à mulher no período da menstruação, como a falta de dinheiro para comprar absorventes,falta de informação sobre o corpo e a falta de recursos aos itens de higiene básicos. Segundo a antropóloga Mirian Goldenberg para o site Politize!: “uma em cada quatro meninas no Brasil faltam à aula por não possuírem absorventes, e dessas, 50% nunca falaram sobre o assunto na escola”.

Vivemos atualmente em uma sociedade que obriga meninas a sentirem vergonha da própria menstruação, trazendo consigo algumas outras inseguranças como vergonha de comprar itens de higiene ou de porta-los, conversar sobre dores abdominais e saber a hora de procurar ajuda. Além de todo o pano de fundo atrás do tabu da primeira menstruação, que reflete também na demora dos pais e responsáveis a conversarem com a criança sobre os cuidados necessários com o próprio corpo.

A falta de absorventes na lista de itens de higiene básica além de ocasionar em impostos altíssimos ao produto (deixando-o ainda menos acessível) também acarreta diretamente no uso de objetos inapropriados para o uso. Ainda segundo Miriam, “80% das mulheres entrevistadas já utilizaram papel higiênico como item substitutivo do absorvente, enquanto 50% já utilizou roupas velhas com o mesmo objetivo”. Esses objetos, além de impróprios, podem acarretar em diversos problemas de saúde graves como infecções, inflamações e acúmulo de fungos no trato vaginal.

A carência de conhecimento e a forma como ainda tratamos o sangue menstrual está diretamente ligada a forma que o tema é tratado na sociedade. É importante que o tema continue em debate para que ainda mais pessoas tomem consciência da situação de mulheres vulneráveis.

Crédito: Victoria Paschalis/ Revista da Quebrada