G1/MS

Quatro suspeitos de corrupção em Mato Grosso do Sul deixaram o Centro de Triagem na madrugada desta quarta-feira (22), após decisão em caráter liminar do ministro Marco Aurélio de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal). Eles estava presos desde 10 de maio, quando foi deflagrada a segunda fase da operação Lama Asfáltica, que investiga esquema de desvio de recursos públicos de obras do estado de Mato Grosso do Sul.
Estavam presos na unidade de segurança e saíram de lá com advogados e sem falar
com a imprensa: Beto Mariano, ex-funcionário da Agência Estadual de Gestão e Empreendimentos; o ex-secretário de obras do estado e ex-deputado federal, Edson Giroto; o empreiteiro João Amorim e o empresário Flávio Scrocchio, cunhado de Giroto.
A limininar vale também para as mulheres que estavam em prisão domiciliar: Mariane Mariano, filha de Beto Mariano; Rachel Giroto, mulher de Edson Giroto; Elza do Amaral, secretaria de João Amorim; e Ana Paula Amorim, filha do empreiteiro.
Outros investigados
Outra mulher que teve a prisão preventiva decretada foi Ana Paula Amorim, filha do empreiteiro. Ela foi presa no Rio Grande do Sul. Todas também conseguiram liberdade provisória.
Outros investigados durante a segunda fase são: ex-secretário-adjunto de Fazenda de MS, André Luiz Cance; ex-diretora-presidente da Agesul, Maria Vilma Casanova Rosa; Ana Lúcia Amorim Dolzan; Renata Amorim; Ana Cristina Pereira da Silva; ex-servidor da Agesul, Hélio Yudi; e Evaldo Furrer Matos. Eles foram libertados com o fim da prisão temporária.
Salas específicas
Para manter o mais absoluto sigilo sobre o teor da documentação apreendida na operação Lama Asfáltica, duas salas foram “criadas” para análise e depósito do material apreendido, conforme explicou ao G1 o chefe da Controladoria-Geral da União (CGU-MS), José Paulo Juliete Barbieri.
Além de documentos, dólares e reais em espécie, veículos e dois aviões foram apreendidos. Houve ainda o bloqueio de R$ 43 milhões dos R$ 195 milhões identificados como recursos desviados.
Durante as buscas, responsáveis constataram ainda o investimento de 67 mil hectares em imóveis rurais. Já na área urbana, os envolvidos montaram empresas e adquiriram bens.
Foram ao todo 15 presos, entre servidores considerados “fundamentais para o esquema”, segundo a polícia, além de empresários e outros suspeitos. Até o momento, 24 pessoas são investigadas. Das prisões, são 8 mulheres e 7 homens.
Investigação
As investigações sobre o suposto esquema de corrupção teve início em 2013. Na primeira fase da apuração, foi verificada a existência de um grupo que, por meio de empresas em nome próprio e de terceiros, superfaturaram obras contratadas com a administração pública, mediante corrupção de servidores públicos e fraudes a licitações, ocasionando desvios de recursos públicos.
Em análise a material apreendido na primeira fase da operação, a CGU e a Receita Federal verificaram indícios de lavagem de dinheiro, inclusive decorrentes de desvio de recursos públicos federais e provenientes de corrupção passiva, com a utilização de mecanismos para ocultação de tais valores, como aquisição de bens em nome de terceiros e saques em espécie.
Primeira fase
No último mês de fevereiro, o Ministério Público do Estado (MP-MS), denunciou 40 pessoas por envolvimento em corrupção em obras públicas de Mato Grosso do Sul. Esses denunciados tinham sido investigados pela PF. Na época, R$ 84 milhões em bens foram bloqueados.
A operação foi deflagrada em 9 de julho de 2015, cumprindo 19 mandados de busca e apreensão em residências de investigados e em empresas que tinham contratos com o poder público.
A PF e a Receita Federal também foram à Secretaria de Estado de Infraestrutura (Seinfra). De acordo com o secretário estadual de Governo e Gestão Estratégica, Eduardo Riedel, quatro servidores foram afastados na época.
Na lista de obras investigadas na primeira fase estão o Aquário do Pantanal e as rodovias MS-171, MS-228 e MS-187. Todas foram executadas na administração de André Puccinelli (PMDB). Na época, a assessoria do ex-governador informou que “todas as contratações seguiram rigorosamente a legislação vigente e aplicável ao caso” e “os pagamentos efetuados foram feitos após verificação dos fiscais de cada uma das obras.