Diário Digital

Desviar dos buracos nas ruas da cidade se tornou um desafio arriscado. O ‘zigue-zague’ para escapar das inúmeras crateras nem sempre funciona e o acidente acaba sendo inevitável. Mas as vítimas estão levando a revolta e os prejuízos à Justiça. De acordo com a Defensoria Pública do Estado, pelo menos seis pessoas já deram entrada, entre janeiro e fevereiro, com ações contra o município em razão de acidentes envolvendo buracos das ruas.
O número de vítimas que resolveram pedir ressarcimento em casos como este pode ser ainda maior já que muitos contratam advogados particulares para ajuizamento de ação. Emocionalmente abalada e com prejuízo no bolso, a advogada Monik Shimidt Roth não consegue esquecer o momento em que viu seu carro despencando em um buraco. “Foi muito assustador”, define.

O acidente foi na noite do dia 18 de fevereiro na Rua Kame Takaiassu, no bairro Carandá Bosque. Chovia e o buraco que tomava parte da rua ficou coberta por uma poça de água, o que impediu a visualização. “Ia fazer o retorno e estava bem devagar. Se eu tivesse rápido com certeza teria capotado”, avalia Monik que estava acompanhada de uma amiga que sofreu ferimento na cabeça. “Me desesperei ao vê-la sangrando”, conta. A advogada ficará pelo menos dois meses sem o carro que ficou com toda parte da suspensão destruída e teve o eixo afetado, o que não garante que o conserto, que ficará em torno de R$ 7.800, o deixará cem por cento. “Não estava preparada para gastar com franquia, nem para ficar sem o carro”, afirma Monik que teve que se desfazer de parte da poupança para desembolsar R$ 1.300 da franquia do seguro. Mas os gastos não param por ai. A advogada decidiu que vai ajuizar uma ação contra o município para obter ressarcimento dos prejuízos material e moral. “Vou abrir mão de um projeto que pretendia realizar com o dinheiro que eu guardava para arcar com as custas do processo”, relata.
Para entrar com a ação, Monik tem reunido toda documentação e evidências necessárias do acidente que são: Fotos que deixam configurados os danos sofridos, tanto material quanto físico; Testemunhas do acidente, no mínimo três pessoas; Registro do Boletim de Ocorrência (lembrando que a vítima terá que pagar a taxa de R$ 45,80 para ter uma cópia do B.O); Orçamento do conserto do veículo. A advogada aconselha também a reunir todos os gastos gerados por conta do acidente como compra de remédios e gastos com psicóloga no caso de abalo emocional. “Tive que pagar gasolina para amigos me darem carona, isso também entra nesse item”, acrescenta. As contribuições do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) também devem ser anexadas ao processo. “Afinal, você paga esse imposto justamente para que acidentes como esse não ocorram”, explica Monik. Com documentos em mãos, a vítima poderá fazer uma petição dos fatos e entrar com ação na Justiça comum por meio de um advogado ou da Defensoria Pública.
Outra dica é ir até a Ciptran (Companhia Independente de Policiamento de Trânsito) informar o local onde ocorreu o acidente para que ele seja sinalizado. A advogada Monik fez isso, mas o buraco onde o carro dela caiu não recebeu sinalização a tempo de evitar um novo acidente. No mesmo dia, outro automóvel da empresa NET foi parar dentro da mesma cratera. Ninguém ficou ferido, no entanto, mais uma história se repete em relação aos prejuízos.